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Mobilização na Paulista

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Cerca de 40 mil professores da rede Estadual de ensino tomaram à Av. Paulista nesta sexta dia 12/03/2010

terça-feira, 29 de julho de 2008

O petróleo é nosso...

O JORNAL ARGENTINO EL CLARÍN NOTICIOU QUE FROTAS DE NAVIOS AMERICANOS ESTÃO EM ÁGUAS BRASIELIRAS, MAIS ESPECIFICAMENTE NA BACIA DE SANTOS (JUSTAMENTE ONDE A PETROBRÁS DESCOBRIU O QUE POSSA SER A MAIOR JAZIDA DE PETRÓLEO DA HISTÓRIA).
O PRESIDENTE LULA JÁ PEDIU EXPLICAÇÕES AOS EUA, MAS ATÉ AGORA NÃO OBTEVE NENHUMA RESPOSTA. O MAIS INCRÍVEL É QUE A IMPRENSA BRASILEIRA NÃO NOTICIA ABSOLUTAMENTE NADA SOBRE O ASSUNTO.
ORA, LEMBRO VOCÊS QUE A IV FROTA AMERICANA - A QUE ESTÁ NA BACIA DE SANTOS- É A MESMA QUE BOMBARDEOU OS NAVIOS MERCANTES BRASILEIROS NO NORDESTE, NA DÉCADA DE 40, ACUSANDO A ALEMANHA PELO FEITO - A FIM DE QUE O PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS ADERISSE À II GUERRA MUNDIAL. ELA TAMBÉM ESTEVE PRESENTE AQUI NA DE´CADA DE 60, QUANDO DO GOLPE DE 64, DANDO APOIO LOGÍSTICO E MILITAR AO MESMO.

PORTANTO, OLHOS ABERTOS... INFORMEM A TODOS QUE PUDEREM, POIS PROVAVELMENTE ALGO MUITO SÉRIO ESTÁ POR ACONTECER E NÃO É JUSTO QUE O POVO BRASILEIRO FIQUE SEM SABER DISSO.

PELO HISTÓRICO DESSA ARMADA, VEJO ISSO QUASE QUE COMO UMA AMEAÇA DE GUERRA AO PAÍS PELO NOSSO PETRÓLEO.

VEJAM A REPORTAGEM NO LINK:
http://www.clarin.com/diario/2008/07/14/elmundo/i-01714630.htm

El Mundo

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Chávez coloca a Venezuela à disposição das tropas russas

Internacional
Chávez coloca a Venezuela à disposição das tropas russas
RTP Hugo Chávez volta a encontrar-se hoje com o Primeiro-Ministro José Sócrates

Hugo Chávez visitou a Rússia e fez uma revelação surpreendente. Se a Rússia quiser instalar armas ou homens em território venezuelano será recebido “em festa”.


Num momento em que as relações russo – americanas conhecem tempos de tensão – Estados Unidos a planearem instalar na Europa central um sistema de defesa anti-missil e os russos a responder ameaçando enviar bombardeiros estratégicos para Cuba, relembrando um pouco a crise dos mísseis em Outubro de 1962 que colocou o mundo à beira de uma guerra nuclear – a Venezuela coloca à disposição dos Russos o seu território.

O presidente venezuelano lembra que a Venezuela se encontra tão bem posicionada como Cuba.

Lembrando a capacidade da Rússia e da sua frota estar presente em qualquer parte do mundo, Chávez convidou-a a visitar as Caraíbas.

“Se as Forças Armadas russas quiserem estar na Venezuela serão recebidas calorosamente”, afirmou Hugo Chávez.

“Se algum dia uma frota russa chegar às Caraíbas içaremos bandeiras, tocaríamos tambores, e cantaríamos os hinos da Venezuela e da Rússia pois … seria a chegada de um aliado”, explicou Chávez.

O presidente venezuelano que visitou a Rússia, onde manteve conversações com o Presidente Medvedev e com o Primeiro-Ministro, Putin, teve a oportunidade de manter conversações sobre os sectores energéticos, industrial, financeiro, cientifica, tecnológico e da cooperação para a defesa.

Venezuela prepara-se para se defender do "Império maldito"

No plano militar, a Venezuela negoceia com a Rússia o fornecimento de aviões a jacto Ilyushin, submarinos a diesel, sistemas de defesa aérea TOR-M1 e possivelmente tanques.

“Concluímos que temos uma perfeita identidade de pontos de vista nas linhas gerais da nossa política externa”, declarou Chávez aos jornalistas.

“Pelo que graças à Rússia, graças a Putin e agora a Mdevedev e aos irmãos russos, a Venezuela iniciou um processo de fortalecimento da sua capacidade defensiva”, acrescentou o presidente sul-americano.

“Estamos a concluir o ciclo com os caça-bombardeiros Sukhoi 30 e agora estamos a trabalhar num dossier muito importante que é um sistema integral de defesa antiaérea de curto alcance de médio alcance e de longo alcance”, disse enfatizando a palavra longo como que a lembrar que o território norte-americano fica ali a pouca distância.

“Nós somos um país pacifista mas estamos ameaçados pelos Estados Unidos, estamos ameaçados por dentro e por fora. Os Estados Unidos têm um plano para invadir a Venezuela”, voltou a acusar Hugo Chávez, que justificou essa atitude norte-americana com “uma razão de peso”, que são as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores reservas conhecidas do mundo.

Mantendo uma linha de pensamento que já vem sendo conhecida, Chávez acusa os EUA de “os Estados Unidos encheram o mundo de sangue e de dor”, mas vaticinou que “esse império maldito cairá este século, cairá porque tem os dias contados”.

Chávez em Portugal

O presidente venezuelano chega esta quarta-feira a Portugal para mais uma visita oficial.

Ao final da tarde será recebido em São Bento, pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates.

Está prevista a assinatura de vários acordos bilaterais económicos, com especial incidência nos domínios das obras públicas, habitação e energia.

RTP
2008-07-23 09:27:56

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Eles não comem churrasco

A matéria abaixo foi publicada no IG Jovem (18/07 - 19:42hs)
Como e por que alguém é vegetariano?

Carol Patrocinio

“Mas como assim, você não gosta de uma picanha bem sangrenta?”, essa é uma pergunta que para muitas pessoas não incomoda, mas em alguns casos, se torna insistente, repetitiva e cansa quem a houve; é o caso dos vegetarianos.

Agora você, que não é vegetariano, deve estar se perguntando: “mas por que alguém deixa de comer carne?” e, em casos mais extremos, qualquer alimento de origem animal, além de tratar o meio ambiente diferente das pessoas ditas ‘normais’.

Os motivos

Para José Nunes, de 23 anos, foi uma coisa natural: “Fui criado fazendo churrasco. Todo final de semana era churrasco com a família e eu lá, cuidando da churrasqueira. Nessa época, já acontecia de eu pegar um pedaço de carne pra comer e quando eu olhava pra ela eu via um nervo, uma veia e pensava ‘pô, era uma vaca…’ e já não conseguia mais comer nada de carne, pulava pra salada”.

Pela saúde
Os vegetarianos pregam que ao não ingerir carne você equilibra os níveis de colesterol, reduz o risco de doenças no coração e de alguns tipos de câncer, além de evitar os hormônios de crescimento e antibióticos utilizados na criação dos animais para abate.

Pelo meio ambiente
Sem comer carne você reduz o impacto ambiental da sua alimentação. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, para produzir 1 kg de carne bovina você precisa gastar, mais ou menos, 15 mil litros de água (se você considerar o consumo do animal durante sua vida inteira); enquanto para produzir 1 kg de soja são gastos menos de 1300 litros de água, o que é só 10% do gasto com animais. A economia de água é, portanto, superior a 90%.

Pela ideologia
Homens não são melhores que os animais, portanto, não precisam se alimentar da carne dos bichinhos, já que sua vida não depende disso.

Outro motivo para parar de comer carne é a forma como os animais de abate são criados. As condições são horríveis, feita em pequenos espaços, com alimentos artificiais e tratados de forma agressiva durante o transporte ou antes do abate.

“Parei gradualmente com o consumo de carnes, parando com carne vermelha e de porco, depois aves e por fim, peixes. Nesse tempo fui estudando as variáveis da dieta vegetariana, como a lacto-vegetariana, vegana, crudivorismo, frugivorismo, etc. Estudei principalmente a dieta vegana, por ser a mais compatível com a idéia de ética no tratamento dos animais. Quando vi que tinha conhecimento suficiente sobre a dieta vegana, passei a abolir os alimentos de origem animal como mel, ovo, leite e gelatina da minha dieta, assim como produtos testados em animais”, conta José Nunes.

Os tipos de vegetarianos

Ovo-lacto-vegetariano
É o tipo de vegetariano que você mais encontra por aí. São pessoas que não comem nenhum tipo de carne, mas podem consumir leite, ovos e produtos derivados de animais.

Lacto-vegetariano
Nenhum tipo de carne faz parte da alimentação e o único derivado de animal aceito na dieta é o leite e produtos fabricados a partir dele.

Vegano
É o tipo de vegetariano mais difícil de seguir: eles não comem nenhum tipo de carne e nem qualquer produto que tenha origem animal. Porém, para os ‘vegans’, como são conhecidos, o consumo de produtos de origem animal não se baseia apenas na alimentação, mas segue também nos outros âmbitos da vida, como roupas, acessórios e produtos de beleza, nada que venha de animais ou seja testado neles é aceito. Ser vegan é um estilo de vida.

Crudivorismo
São os vegetarianos que além de não comer nada de origem animal, só comem alimentos crus.

Frugivorismo
Apenas frutas. A dieta dos Frugívoros não permite nada de origem animal e se baseia apenas em frutas.

O preconceito

Mas como tudo que muda os conceitos vistos como normais, a decisão de se tornar vegetariano ou vegan pode trazer sérios contratempos a sua vida social. José Roberto conta que no começo foi bem difícil: “Minha mãe não aceitou, dizendo que eu ia morrer de desnutrição, que eu deveria comer pelo menos peixe. Mas depois de um tempo ela se entregou e começou a se interessar pela culinária sem crueldade. No trabalho, era o assunto na hora do almoço, sempre com aquelas perguntas do tipo: ‘pô, você não come nem frango?’, ‘você vive do quê, de luz?’ e por ai vai”.

As bebidas

Vegetarianos podem beber, porém, ao escolher uma dieta vegetariana, seja ela de qualquer um dos tipos conhecidos, a pessoa acaba escolhendo também um tipo de vida mais saudável e fazendo a opção por alimentos, incluindo bebidas, que não prejudiquem seu corpo.

“Vejo uma possível ligação no aspecto da saúde, pois a maioria dos vegetarianos, além de pensar no bem estar e no tratamento ético aos animais, pensa também em manter hábitos saudáveis, o que talvez, vá contra o consumo de álcool”, comenta o vegan.

Não confunda

Muita gente acha que quem é Straight Edge - hardcore ou punk livre de drogas – também é vegan/vegetariano, mas nem sempre é assim. “São cenas convergentes, mas não tem uma ligação obrigatória, ou seja, ser straight edge não significa que você deva ser vegetariano e vice-versa. No Brasil, o que a gente tem é uma cena straight edge com a maioria sendo vegetariana ou vegana. Essa ligação acaba sendo algo natural dentro de um ambiente mais politizado, como a cena hardcore punk, não só straight edge”, explica José Nunes.

As dicas

Nada acontece de um dia para o outro. Se você quer se tornar vegetariano precisa entender o que está fazendo e ir mudando sua alimentação aos poucos, senão seu corpo pode sentir drasticamente essa mudança.

“Leia bastante sobre nutrição vegetariana e tenha força de vontade. Se você acredita na causa vegetariana, fica muito mais fácil”, incentiva José.

Virando expert

E como saber mais sobre esse pessoal, suas idéias, hábitos e a forma de vida, afinal, você precisa de uma ajuda pra começar, né!

José Nunes conta como entrou nessa: “O veganismo especificamente eu conheci através da cena straight edge de São Paulo, na Verdurada [evento que reúne músicas e palestras]. Foi numa palestra que conheci o termo “vegan”, seu significado e todas suas variáveis. Sem contar que, através da música, sempre ouvia mensagens de apelo vegetariano, como em músicas das bandas Gorilla Biscuits e Nations on Fire”.

FONTE: IG

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Governo federal e Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis assinam termo de compromisso

04/07/2008 - 12h07 - Por Kamila Almeida, do MDS

A ministra em exercício do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Arlete Sampaio, participou nesta quinta-feira (03), da assinatura do Termo de Compromisso entre órgãos do governo federal e o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). O documento estabelece o compromisso com o MNCR para construção de uma política pública no reconhecimento do trabalho dos catadores e desenvolvimento de ações para inclusão social e econômica do trabalhador. Serão investidas verbas para construção de galpões, implementação de projetos, aquisição de materiais e equipamentos, cursos técnicos em reciclagem, entre outros.

Além dos investimentos, a Unesco vai relançar o edital para projetos de apoio à organização de catadores. O edital permitirá fazer uma pesquisa sobre custo da coleta seletiva realizada pelos catadores em comparação com a coleta realizada pelas Prefeituras e pelas empresas para verificar o impacto dos trabalhos dos catadores para a cadeia produtiva da reciclagem. “Temos o compromisso de realizar ações para reconhecer os catadores”, reforçou Arlete Sampaio.

Participaram da assinatura representantes dos ministérios do Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior, das Cidades, da Saúde, do Trabalho e Emprego, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e da Educação, da Caixa Econômica Federal, Subsecretaria de Direitos Humanos, BNDES, Casa Civil, Fundação Banco do Brasil e Petrobrás.

Crédito de imagem: André Carvalho/MDS

(Envolverde/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)

Eu Sou Neguinho - Joel Zito Araújo

Joel Zito Araújo*

O meu amigo Caetano, que no debate público é um provocador tão genial quanto na arte, também é, sem dúvidas, um atento observador da realidade racial brasileira desde jovem, quando Dona Canô gritava "meu filho corra, venha ver na TV aquele preto de que você tanto gosta!". Ou quando se irritou ao ver jovens de esquerda chamando Clementina de Jesus de macaca no Teatro Paramount, em 1968. Ou quando não deixou o país esquecer que o Haiti é também aqui. Mas agora, depois de tão bela história, depois de ter produzido poemas tão poderosos e belos sobre a negritude baiana, ele parece acreditar que o país acompanhou a sua cabeça e seu desejo de viver em uma democracia pós-racial.
O Brasil pós-racial é uma meta que compartilho, mas ainda é uma ficção. O dramaturgo Harold Pinter já disse que, na exploração da realidade por meio da arte, "não há distinções explícitas entre o que é real e o que é irreal, tampouco entre o que é verdadeiro e o que é falso". Mas que diferenciar essas condições é fundamental para o exercício da cidadania. É necessário dizer para o querido Caetano que não é coerente ter feito uma obra tão magnífica e assinar um manifesto contra cotas para jovens negros pobres na universidade.
E assim, mesmo agradecido pelo que ele fez, tenho que, atendendo a sua provocação (ver coluna de Jorge Moreno de 07/06/08), vir aqui dizer que a "realidade lá fora" continua brutal para aqueles que são "negros ou quase-negros de tão pobres". Eles continuam com suas chances de ascensão social condicionadas à cor de suas peles em estruturas seculares que reproduzem o racismo nos bancos escolares, na nossa TV, no sistema de saúde, no mercado de trabalho, na violência policial...
Não é possível ignorar as cotas como um movimento natural e necessário, apesar das imperfeições no processo. Diante da revolta contra sua condição de grupos populacionais excluídos, negros e índios lutam por uma reparação histórica, lutam por seus direitos. Hoje, por trás da emergência identitária destes grupos está a busca pelo reconhecimento dos direitos de partilha das riquezas materiais do país (partilha do direito à educação, à terra, à liberdade religiosa). Vivemos, finalmente, numa sociedade em que os "excluídos" lutam autonomamente no campo da democracia pelos seus direitos. São lutas de idéias, de conquista da opinião pública e de leis. E isso é muito bom, e deve ser respeitado e incentivado. E, veja bem, eles não estão esperando o socialismo, ou a vitória do universalismo francês, ou o triunfo do mercado, para ter acesso à educação. Eles querem acelerar processos, cobrar dívidas históricas. Evitar tensões raciais é promover o reconhecimento dos seus direitos e incentivar a sua luta política nas formas democráticas e republicanas. E tenho certeza de que o nosso querido Caetano sabe que Mangabeira Unger tá certo. Nós precisamos de uma segunda abolição. Mas como realizá-la sem nos defrontarmos com a questão racial?
E por que acreditar que revalorizar neste momento a criação colonial do mulato é um passo para a sociedade pós-racial? Onde é que o mulato é celebrado como ideal da nação? Nas artes, na telenovela, no cinema, na publicidade? O ideal do país desde os tempos da escravidão foi, e continua profundamente internalizado em todos nós, fazer do negro um mestiço e do mestiço um branco. Nossas crianças perdem a auto-estima ao aprender a sonhar em ser, mesmo que cirurgicamente, iguais à rainha dos baixinhos. Por que todas as apresentadoras dos programas infantis foram inspirados no modelo ariano? Que ideal de raça estava por trás disso? Por que os considerados mais belos das revistas de moda, de TV e até mesmo de esportes são invariavelmente os mais germânicos? Por que somente em 2004 tivemos a Taís Araújo como protagonista de uma telenovela na rede líder de audiência? E quando voltaremos a revê-la assim? Ser mestiço, portanto, é ainda um momento de passagem da condição inferior para a raça superior. O mulato na telenovela ainda é, como regra, representação do estereótipo do bundão, do mau caráter, do bandido ou do ressentido.
É por isso que não sou mulato. Só aceito o mulato como profissão. E é assim que vivem centenas de brasileiras afro-descendentes pobres que viajam pelo mundo vendendo a beleza dos seus corpos e dos seus movimentos em shows tipo sargentelli.
Sou brasileiro, com ascendência afro-índígena-portuguesa. Mas neste momento histórico só me interessa afirmar o que fui pressionado a negar. O país ainda precisa de um choque de negritude e de indigeneidade. Para chegar a ser pós-racial precisa antes ser multirracial. Precisamos reconhecer que nossa nação é um mosaico, onde vivem filhos de africanos, de japoneses, de libaneses e de europeus, além dos indígenas. Somente assim poderemos, no futuro, realizar o mito que tanto prezamos, e vir a ser um exemplo de democracia racial. Neste momento sou orgulhosamente o meu avô e bisavô, eu sou neguinho. E amanhã posso vir a ser a minha avó, nambiquara ou pataxó.
Diante da herança colonial que criou um sistema hierárquico de castas raciais, eu sou neguinho. Diante dos articulistas dos jornais que dizem que não somos racistas, mas alertam que se me assumo como negro sou ameaça de guerra civil, eu sou neguinho. Diante do senador que elogia o seu par mulato por estar apurando a raça ao se casar com uma "linda gaúcha dos olhos azuis", eu sou neguinho. Ou diante da mídia que em suas imagens insiste em reafirmar a branquitude como ideal da nação, eu sou aquele Caetano que tanto admiro, e não aquele inexplicável mulato anticotas. Sou negro preto do Curuzu. Sou beleza pura.
*Cineasta ("Filhas do Vento" e "A Negação do Brasil")