Célula Vermelha

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"Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira!" CHE

Mobilização na Paulista

Mobilização na Paulista
Integrantes da Célula na mobilização da Paulista

Mobilização na Av. Paulista

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Cerca de 40 mil professores da rede Estadual de ensino tomaram à Av. Paulista nesta sexta dia 12/03/2010

segunda-feira, 7 de março de 2011

De olho em Kassab, Alckmin escancara divergências com Serra

Da ponte Santos-Guarujá ao aluguel de blindados para a sua escolta, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, determinou a revisão de uma série de medidas herdadas do antecessor e também tucano José Serra. Antes restrita a um íntimo grupo, a divergência com Serra ficou notória e foi oficializada nos dois primeiros meses do governo Alckmin.
Segundo aliados, a movimentação de Gilberto Kassab (DEM) precipitou a exposição dessas medidas. Contrariados com a disposição do prefeito de São Paulo de concorrer ao governo em 2014, correligionários de Alckmin reclamam da falta de empenho de Serra para deter seu afilhado político.

Kassab deve fundar um partido que servirá como trampolim legal para futura fusão com o PSB. Ele levará o vice de Alckmin, Afif Domingos. No Bandeirantes, há a certeza de que Afif atuará por Kassab caso ele concorra contra Alckmin em 2014. Sem um vice, Alckmin teria dificuldades, por exemplo, para disputar a Presidência.

Enquanto isso, as discordâncias vem à tona. O governador fixou prazo de um mês para que sua equipe apresente proposta alternativa para duas obras encampadas por Serra: a ponte Santos-Guarujá e a implantação da linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) entre São Vicente e Santos.

Às vésperas de iniciar a corrida presidencial, Serra exibiu maquete da ponte que ligaria Santos a Guarujá. Mas, sob alegação de que o modelo impede o uso da base aérea como aeroporto comercial, o governo vai propor a construção de outra ponte.

No Diário Oficial, mais uma bicada entre tucanos: em fevereiro, saiu a rescisão do contrato de aluguel de carros blindados para transporte e escolta do governador e família. O governo não comenta o assunto alegando motivo de segurança.

Em outra decisão oposta à do antecessor, Alckmin decidiu vender o avião do estado — jato que ele próprio tentara vender em 2006. Ao assumir, Serra cancelou o processo. No fim do mês, Alckmin reativará, na Assembleia Legislativa, projeto de criação da macrometrópole paulista, que Serra havia engavetado.

O novo governo também identificou problemas técnicos em ações da gestão anterior. Trecho da linha 2 do Metrô, por exemplo, terá de ser redesenhado por questões ambientais. Foram identificadas 55 árvores nativas numa área reservada para a construção de um pátio.

Da Redação, com informações da Folha de S.Paulo

Base pode se unir em 2012 se Serra for candidato, diz Vaccarezza

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), diz que a presidente Dilma Rousseff surpreendeu seu adversários ao mostrar que, “além de gestora, também é uma política hábil, que montou o ministério que queria e aprovou tudo no Congresso”.
Em entrevista a Tales Faria, do site Poder Online, do iG, Vaccarezza afirma que, nas eleições para prefeito de São Paulo, em 2012, o governo federal não se meterá. Mas, se o ex-governador José Serra, for candidato, ele crê que “ficará mais fácil unificar” os partidos da base aliada a Dilma em torno de um único candidato.

Poder Online: Qual o balanço deste período anterior ao Carnaval?
Cândido Vaccarezza: Podemos quase que fazer um balanço do primeiro trimestre. Ainda estão para sair as pesquisas de opinião sobre a popularidade da presidenta. Mas creio que o balanço é extremamente positivo para ela.

Poder Online: Por quê?
Cândido Vaccarezza: Ela venceu as eleições, mas uma parte da opinião pública temia que ela fosse apenas uma técnica, uma gestora. E a presidenta Dilma mostrou que também tem domínio da política. Montou o ministério que quis, administrando todas as forças. E teve uma grande vitória no Congresso na questão do salário mínimo. Além de outros fatores, como ter feito com que as eleições para presidente da Câmara e do Senado transcorressem sem sequelas.

Poder Online: Mas ela vai continuar vencendo assim no Congresso?
Cândido Vaccarezza: Veja o caso da medida provisória da Autoridade Pública Olímpica (APO). A oposição estava cheia de restrições, mas o texto foi aprovado com folga. E num momento difícil, em que o governo tinha anunciado o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União, incluindo parte das emendas dos parlamentares.

Poder Online: Qual a projeção que o senhor faz para 2011?
Cândido Vaccarezza: Vai ser um período economicamente difícil. Mas chegaremos no final do ano com um crescimento razoável, de 4,5% do PIB.

Poder Online: Difícil também por conta da gastança eleitoral de 2010?
Cândido Vaccarezza: Não houve gastança eleitoral. O que houve foi uma crise mundial na economia em 2008 e 2009 que obrigou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a investir e a promover renúncias fiscais em 2009 e 2010, de forma a manter o ciclo de crescimento do país. Não fizemos isso por motivação eleitoral, mas porque era a fórmula adequada para enfrentar a crise.

Poder Online: Quais as prioridades do governo daqui para a frente?
Cândido Vaccarezza: Votar as medidas provisórias que paralisam a pauta do Congresso, e as políticas centrais do governo. Especialmente as matérias relativas à educação e às urgências sociais, como segurança e saúde.

Poder Online: Em termos de projetos…
Cândido Vaccarezza: Temos ideia, por exemplo, de colocar em pauta a desoneração das folhas de pagamentos das empresas. Mas temos que esperar o momento adequado, na medida em que também é prioridade segurar a inflação.

Poder Online: E a reforma política?
Cândido Vaccarezza: Essa é mais uma prioridade dos partidos do que do governo. Não está claro, para o governo, o resultado das comissões especiais sobre reforma política criadas na Câmara e no Senado.

Poder Online: Quanto à eleição para prefeito de São Paulo, como o governo vai se comportar?
Cândido Vaccarezza: Olha, 2012 ainda está longe. Mas eu, particularmente, tenho a impressão de que haverá uma pulverização de candidaturas. Tanto na base governista quanto na oposição. O governo poderá trabalhar pela unificação, mas será difícil. Creio num número grande de candidatos.

Poder Online: O governo nada fará, mesmo se o José Serra for candidato?
Cândido Vaccarezza: Aí fica mais fácil unificar os partidos que apoiam o governo.

O trágico preço do “progresso”

Complexo siderúrgico instalado no Rio de Janeiro comete crimes ambientais e viola direitos de pescadores e moradores da região.

Por Tatiana Merlino

De repente, numa madrugada de junho de 2010, uma chuva de prata caiu sobre a casa de dona Ivonete Martins. Tudo brilhava, como num sonho. Porém, quando a família acordou para ir trabalhar, deparou-se com a realidade: um pó prateado havia se espalhado por toda a casa. Telhado, sala, banheiro, cozinha. Até nas panelas ele estava. O pó foi parar no quarto de dona Ivonete, de 55 anos. Quando ia dormir, lá estava ele, brilhando. Dias depois, quando foi tomar banho, a mulher percebeu que até em seu corpo o pó estava grudado. Em seguida, começaram as coceiras. Parecia picada de mosquito. A cada dia, a coceira só aumentava, e foi se estendendo ao corpo todo. Depois de um tempo, até a palma das mãos e sola dos pés estavam tomados por alergias, que se transformaram em cascas. “Eu estava toda inchada”. Para combater a coceira, ela tentou de tudo. “Querosene, álcool, vinagre”. O desespero era tanto que ela pensou até em se matar. Para completar, dona Ivonete foi demitida do emprego, pois a senhora para quem trabalhava c mo empregada doméstica teve medo de ser contaminada com suas alergias. Em casa, disse ao marido: “Arrume outra mulher. Essa aqui não presta mais”.

A chuva de prata não banhou apenas a casa e o corpo de dona Ivonete. Seus vizinhos, moradoresdo bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, também foram atingidos com o pó metálico emitido pelo complexo siderúrgico ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). De capital majoritariamente alemão, ligada ao grupo transnacional Tyssen Krupp (73,13%), com participação da Vale do Rio Doce (26,87%), a CSA foi anunciada como a siderúrgica mais moderna do mundo - recebeu investimentos de 5,2 bilhões de euros e vai produzir cinco milhões de toneladas por ano de placas de aço, exportadas para a Alemanha e Estados Unidos. É o maior investimento privado realizado no Brasil nos últimos 15 anos. Projetada para operar com dois imensos altos-fornos, além de uma termoelétrica e um terminal marítimo próprios, para se transformar na maior siderúrgica da América Latina, produzindo chapas de aço para exportação. Inaugurada em junho do ano passado, já foram anunciados planos de expansão das instala ões, com o objetivo de dobrar a planta e a produção originalmente prevista.

Crimes ambientais

Não por acaso, a região de Santa Cruz, local escolhido para a instalação da empresa é uma bairro periférico e pobre da cidade do Rio de Janeiro, situado na Baía de Sepetiba. Desde o início da construção da planta industrial, organizações e movimentos vem denunciando crimes ambientais, violações de direitos humanos, desrespeito às normas de licenciamento ambiental e à legislação trabalhista. “É justamente nessas áreas mais empobrecidas, onde há população sem poder político e econômico, que o poder público não chega, que esses empreendimentos se instalam”, explica Karina Kato, do Instituto de Políticas Alternativas do Cone Sul (Pacs), que desde a chegada da CSA apóia a luta da comunidade da Baía de Sepetiba contra o empreendimento. Segundo ela, “a área funciona como uma “zona de sacrifício” para manter o modelo de desenvolvimento do Rio de Janeiro, o tão propagado progresso, uma nova onda de dinamismo para o Estado, como diz o Sergio Cabral. É interessante e extremamente triste porque essa é a visão de Estado o Rio de Janeiro e eu arrisco dizer que é a visão de Estado para o Estado Federal”, critica.



Para ler a reportagem completa e outras matérias confira edição de fevereiro da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou clique aqui e compre a versão digital da Caros Amigos.

sábado, 5 de março de 2011

Crítica de Andrea Matarazzo a Alckmin reacende racha tucano

Aliados do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) consideraram "gravíssimo" o conteúdo do telegrama revelado pelo site WikiLeaks, que envolve conversas entre o atual secretário de Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo, e diplomatas norte-americanos em 2006.
Reservadamente, eles dizem que o documento tem potencial de reacender a traumática disputa interna do PSDB durante a eleição presidencial daquele ano, quando Alckmin foi candidato ao Palácio do Planalto sem contar com o apoio total do partido.

À época do despacho interceptado pelo WikiLeaks, Matarazzo era secretário das Subprefeituras da capital paulista, então administrada por José Serra. Segundo o telegrama, diplomatas consultaram Matarazzo sobre as chances reais de Alckmin bater Lula nas urnas.

Em resposta, afirma o texto, Matarazzo intitulou-se "serrista", fez duras críticas aos alckmistas – classificando-os como "baixo clero" – e ligou o governador paulista ao Opus Dei, prelazia conservadora da Igreja Católica. Em um trecho, Matarazzo teria dito que Serra e o senador Aécio Neves não queriam a vitória de Alckmin, e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o apoiava "sem qualquer entusiasmo".

Tucanos próximos a Alckmin avaliam que Matarazzo não deve ser sacado do governo agora para que a medida não soe como retaliação. Mas consideram que a revelação do telegrama estremece a relação entre os dois e agrava a crise no partido.

Além disso, as críticas de Matarazzo têm potencial de reacender a disputa entre o grupo de tucanos ligados a Serra e o grupo ligado a Alckmin, hoje acomodados na estrutura do governo paulista.

Da Redação, com informações da Agência Estado
retirado do link abaixo: 05/03/2011 17:20

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=148991&id_secao=1

Movimentos sociais convocam mobilização mundial para 20 de março

A Assembleia dos Movimentos Sociais divulgou comunicado chamando para uma mobilização geral no próximo dia 20, em apoio ao processo revolucionário nos países árabes. A proposta, de acordo com o texto, “é enviar uma mensagem clara aos poderosos do mundo”.
“Hoje, como os povos da Tunísia e do Egito demonstraram, os povos do Sul e do Norte já não aceitam pagar pela crise do modelo e estão prontos para retomar seus destinos em suas mãos e avançar na direção da justiça social e do respeito aos direitos da natureza", diz o comunicado.

Confira a íntegra do texto.


Depois dos avanços e vitórias concretas na América Latina durante os últimos anos, agora é do mundo árabe que vem o vento da liberdade e da esperança. A revolução da Tunísia não somente derrubou um ditador sanguinário, mas também abriu o caminho para outro mundo livre de opressão e exploração. Um após outro, os povos árabes rompem com a lógica do medo e recuperam seus destinos em suas próprias mãos, irrompendo na cena política.

Como símbolo para todos os povos que lutam pela liberdade, dignidade e justiça social, é possível esperar que esse processo revolucionário vá mais além do mundo árabe. Mas a história nos ensina a não subestimar as forças do capital. Dia após dia, as potências imperialistas, do mesmo modo que as forças retrógradas internas, se organizam para contra-atacar esse movimento de emancipação e retomar o controle. Eles utilizam todos os meios a sua disposição para impedir que os movimentos consigam obter suas demandas ou aprofundá-las. Além disso, os capitalistas dispõem de ferramentas poderosas: controlam os bancos, os meios de comunicação e o poder econômico.

Frente a esta ameaça permanente e organizada, frente a este capitalismo globalizado, só resta aos povos a opção de apoiar-nos mutuamente e lutarmos juntos. Hoje, os povos árabes necessitam urgentemente do nosso apoio. Quem não foi chamado a manifestar seu apoio e solidariedade?

A Assembleia dos Movimentos Sociais (MAS), reunida dia 10 de fevereiro, durante o Fórum Social Mundial 2011, em Dacar, chamou às forças e atores populares de todos os países a uma mobilização coordenada em nível mundial no dia 20 de março de 2011, para apoiar o processo revolucionário no mundo árabe. Nós, os movimentos sociais do mundo inteiro, temos no dia 20 de março de 2011 um compromisso com os povos árabes que se levantam hoje para demandar uma verdadeira democracia e construir um poder popular.

Nós, movimentos sociais do mundo inteiro, temos no dia 20 de março o compromisso de nos mobilizar massivamente para enviar uma mensagem clara aos poderosos do mundo: hoje, como os povos da Tunísia e do Egito demonstraram, os povos do Sul e do Norte já não aceitam pagar pela crise do modelo e estão prontos para retomar seus destinos em suas mãos e avançar na direção da justiça social e do respeito aos direitos da natureza. Nós, os movimentos sociais do mundo inteiro, faremos do 20 de março de 2011 o símbolo do início da reconquista popular conquistada há tanto tempo pelas forças capitalistas.

Da Redação, com informações da Carta Maior

Retirada do link:dia 05/03/2011 17:10
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=148990

Militante pelos direitos humanos é torturado e assassinado no Tocantins

O corpo de Sebastião Bezerra da Silva, integrante da Comissão de Direitos Humanos do Tocantins, foi encontrado nesta segunda, dia 28. Confira nota do Movimento Nacional de Direitos Humanos sobre o caso.

É com o mais profundo pesar e a mais profunda consternação que o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) registra o assassinato, no Estado de Tocantins, do advogado Sebastião Bezerra da Silva, coordenador do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia (TO) e secretário do Regional Centro-Oeste do MNDH.

O corpo de Sebastião Bezerra da Silva, 40 anos, foi encontrado na madrugada desta segunda, 28 de fevereiro, na fazenda Caridade, em Dueré, sul do Estado.

Sebastião Bezerra da Silva foi torturado antes de ser morto e o assassino ou os assassinos tentaram enterrar apressadamente seu corpo.

Neste momento de dor e de pesar, o Movimento Nacional de Direitos Humanos vem solidarizar-se com a família de Sebastião Bezerra da Silva e com todos os seus companheiros do Regional Centro-Oeste do MNDH.

Desde o momento em que soube do acontecido, o MNDH vem acompanhando pormenorizada e intensivamente as informações a respeito do assassinato.

Confiamos que as autoridades policiais do Estado de Tocantins realizem um trabalho diligente na apuração dos fatos, e confiamos, igualmente, na transparência das investigações para que este crime contra um defensor dos Direitos Humanos não fique impune.

Brasília-DF, 28 de Fevereiro de 2011.

Coordenação Nacional do MNDH

DE NOVO OS TIRANOS "Pablo Neruda"

Hoje de novo a caçada
se estende por todo o Brasil,
procura-o a fria cobiça
dos mercadores de escravos
em Wall Street decretaram
a seus satélites porcinos
que enterracem os seus caninos
nas feridas do povo
e começou a caçada
no Chile, no Brasil, em todas
as nossas Américas arrasadas,
por mercadores e verdugos.


Meu povo escondeu meu caminho,
cobriu meus versos com as mãos,
da morte me preservou,
e no Brasíl a porta infinita
do povo fecha os caminhos
aonde Prestes outra vez
rechaça de novo o malvado.


Brasil, que te seja salvo
o teu capitão doloroso,
Brasil, que não tenhas amanhã
de recolher de sua lembrança
fibra por fibra a sua efigie
para ergue-la em pedra austera,
]sem tê-lo deixado no meio
de teu coração desfrutar
a liberdade qie ainda, ainda
pode conquistar-te, Brasil.

"Pablo Neruda"

Cruel. Vanglorioso. Banhado em sangue. E, agora, após mais de quatro décadas de terror e opressão, está de saída?

Por Robert Fisk

Então até mesmo a velha, paranóica e louca raposa da Líbia – o pálido e infantil ditador de bochechas caídas nascido em Sirte, dono de sua própria guarda pretoriana feminina, autor do absurdo Livro Verde, aquele que uma vez declarou que iria à reunião de cúpula do Movimento dos Países Não-Alinhados em Belgrado com seu cavalo de batalha - está caindo por terra. Ou já caiu. Na noite de segunda, 21, o homem que vi pela primeira vez há mais de três décadas saudando solenemente uma legião de homens-rã com uniformes pretos que marchavam pelo asfalto extremamente quente da Praça Verde em uma tórrida noite em Trípoli, durante um desfile militar de sete horas, pareceu, finalmente, estar em fuga, perseguido - como os ditadores da Tunísia e do Egito – por seu próprio povo em fúria.

As fotos do Youtube e do Facebook contaram a história com uma realidade embaçada; a fantasia transformou-se em fogo, delegacias de polícia em chamas em Benghazi e Trípoli, cadáveres e homens armados furiosos, uma mulher com uma pistola debruçando-se da porta de um carro, uma multidão de estudantes – seriam eles leitores de sua literatura? - quebrando uma réplica de concreto de seu medonho livro. Tiros, chamas e gritos ao celular, um epitáfio e tanto para um regime que todos nós, por vezes, apoiamos.

E aqui, apenas para focarmos nossa mente em um cérebro de desejo verdadeiramente excêntrico, segue uma história real. Há apenas alguns dias, enquanto o Coronel Muammar Khadafi enfrentava a ira de seu próprio povo, ele se reuniu com um antigo conhecido árabe e passou 20 minutos dentre quatro horas lhe perguntando se conhecia um bom cirurgião para fazer um lifting facial. Essa é – preciso dizê-lo em se tratando desse homem? – uma história real. O velho garoto não parecia bem, com o rosto abatido, inchado, simplesmente louco. Como um ator de comédia que havia se voltado para dramas reais em seus últimos dias, desesperado pela última obra da maquiadora, pelo chute final na porta do teatro.

Na ocasião, Saif al-Islam al-Khadafi, fiel substituto do pai, precisou representá-lo no palco enquanto Benghazi e Trípoli queimavam, ameaçando instaurar "o caos e uma guerra civil" caso os líbios não se acalmassem. “Esqueçam petróleo, esqueçam gasolina”, anunciou esse tolo abastado. “Haverá uma guerra civil”.

Acima da cabeça do filho querido na televisão estatal, um verde mediterrâneo pareceu esvair-se de seu cérebro. Um obituário e tanto, pensando bem, para quase 42 anos de governo Khadafi.
Não exatamente um Rei Lear, que dizia: “farei tais coisas - quais, ainda ignoro - que hão de ser o terror de toda a terra”. Assemelha-se mais a outro ditador em uma bunker diferente, convocando exércitos inexistentes para salvá-lo em sua capital, e, por fim, acusando o próprio povo de sua desgraça. Mas esqueçam Hitler, Khadafi fez sua própria carreira. Mickey Mouse e Profeta, Batman e Clark Gable, Anthony Quinn representando Omar Mukhtar em O Leão do Deserto, Nero e Mussolini (a versão da década de 1920), e, inevitavelmente – o maior ator de todos – Muammar Khadafi. Ele escreveu um livro – apropriadamente intitulado de acordo com suas infelizes circunstâncias atuais – chamado Escape to Hell and Other Stories (na tradução livre, em português, Fuga para o inferno e outras histórias) e estabeleceu uma solução de um só Estado para o conflito Israel-Palestina, que seria chamado de "Israeltina".

Pouco depois, ele expulsou do país metade dos palestinos residentes na Líbia, dizendo-lhes para marcharem para sua terra perdida. Saiu esbravejando da Liga Árabe, pois a considerou irrelevante – um breve momento de sanidade, temos que admitir – e chegou ao Cairo para uma reunião de cúpula, deliberadamente confundindo a porta do banheiro com a do salão da conferência. Foi, então, conduzido pelo Califa Mubarak, que tinha no semblante um sorriso tênue e sofredor.

E, se o que estivermos testemunhando for uma verdadeira revolução na Líbia, então, em breve, poderemos remexer nos arquivos de Trípoli – a não ser que aduladores da embaixada ocidental cheguem primeiro para a onda de saques graves e desesperados. Poderemos, ainda, ler a versão libanesa de Lockerbie e do atentado contra o voo 722 da UTA em 1989; do atentado contra uma discoteca em Berlim, pelo qual uma multidão de civis árabes e a filha adotiva de Khadafi morreram nos ataques de vingança dos Estados Unidos em 1986; do fornecimento de armas pelo IRA e do assassinato de oponentes dentro e fora do país, da morte de uma policial britânica, da invasão do Chade e dos acordos com magnatas britânicos do petróleo. E - ai de nós neste momento - da verdade por trás da grotesca deportação de al-Megrahi, o suposto responsável pelo ataque de Lockerbie, que estava muito doente para a condenação; e que pode, mesmo agora, revelar alguns segredos dos quais a Raposa da Líbia – juntamente com Gordon Brown e o procurador-geral da Escócia, pois são todos iguais no palco mundial de Khadafi – preferiria que não soubéssemos.

E quem sabe o que os arquivos do Livro Verde – por favor, ó rebeldes da Líbia, NÃO queimem esses documentos preciosos em vossa justa ira – nos dirão sobre a visita inerte de Lord Blair a esse horrendo velho homem. Uma figura podre cujos gestos de estadista (as palavras, certamente, vêm da velha fraude marxista chamada Jack Straw, de quando o autor de Escape to Hell prometeu entregar as quinquilharias nucleares que seus cientistas notavelmente fracassaram em transformar em uma bomba) permitiram que o próprio líder espiritual alegasse que, se não tivéssemos punido os saddamitas iraquianos com nossa ira justificada por suas armas de destruição em massa inexistentes, a Líbia também teria se unido ao Eixo do Mal.

Pena que Lord Blair desprezou o fator “camaleão” de Khadafi, a capacidade única de fazer-se passar por um homem são enquanto secretamente acredita ser uma lâmpada, como Omar Suleiman no Cairo. Poucos dias depois do aperto de mão de Blair, os sauditas acusaram Khadafi de conspiração para matar o aliado britânico Rei Abdullah, da Arábia Saudita. Os detalhes, aliás, eram terrivelmente convincentes. Mas por que a surpresa, se o homem mais temido e, agora, mais zombado e odiado por seu próprio povo, escreveu no supracitado Escape to Hell que a crucificação de Cristo foi uma mentira histórica e que – digo novamente, um débil fantasma da verdade muito raramente aparece nos desvarios de Khadafi – um “Quarto Reich” alemão estava dominando a Grã-Bretanha e os Estados Unidos? Ao refletir sobre a mortalidade em sua obra dramática, ele pergunta se a Morte é um homem ou uma mulher. Desnecessário dizer que o líder da Grande Jamairia Árabe Popular Socialista da Líbia pareceu pender para a última opção.

Como em todas as histórias do Oriente Médio, uma narrativa histórica precede o espetáculo dramático da queda de Khadafi. Por décadas, seus oponentes tentaram matá-lo e despontaram como nacionalistas, prisioneiros em suas câmaras de tortura e islamitas nas ruas – sim! – de Benghazi. E ele derrotou a todos. De fato, essa cidade venerável já havia atingido seu estado de martírio em 1979, quando Khadafi enforcou publicamente estudantes dissidentes na praça principal de Benghazi. Isso sem mencionar o desaparecimento do defensor dos direitos humanos líbio Mansour al-Kikhiya, que participava de uma conferência no Cairo e criticou a execução de presos políticos por Khadafi. É importante lembrar que, há 42 anos, o ministério das relações exteriores britânico acolheu o golpe de Khadafi contra o decadente e corrupto Rei Idris, pois, disseram os mandarins coloniais, que seria melhor ter um coronel novo em folha encarregado de um governo petrolífero do que relíquias do imperialismo. Realmente, eles exibiram quase tanto entusiasmo quanto o que demonstraram para esse déspota decadente quando Lord Blair chegou a Trípoli décadas depois para a imposição das mãos (prática religiosa).

Como o grupo de oposição da Líbia disse anos atrás – não nos importávamos com essas pessoas na época, claro - "Khadafi queria nos fazer crer estar na vanguarda de cada desenvolvimento humano que surgiu durante toda a sua vida".

Tudo verdade, se reduzirmos a uma farsa sub-Shakesperiana. Meu reino por um lifting facial. Naquela conferência dos Não-Alinhados em Belgrado, Khadafi até levou um avião cheio de camelos para abastecê-lo de leite fresco. Mas não permitiram que ele fosse com seu cavalo de batalha. Tito cuidou disso. Havia, então, um verdadeiro ditador.

* Texto publicado originalmente no The Independent / Tradução: Mariana Abbate

O nosso PAC

01/03/2011


Por Gilvan Rocha

A disputa política circunscrita às fronteiras do Brasil de Cabral que, por herança, deixou para os Sarneys, Calheiros, Barbalhos, Jucás, o impune Maluf, latifundiários, grandes industriais, banqueiros e tantos poucos outros que mereceram essa “dádiva” da história do capitalismo, nessa “nossa pátria amada, idolatrada”, dar-se-á entre o nosso PAC e o deles.

O deles, como bem sabemos, chama-se Programa de Aceleração do Crescimento, ou melhor, Programa de Ação do Capitalismo. O nosso PAC é qualitativamente diferente e, além da diferença qualitativa, temos que destacar a urgência urgentíssima no seu processo de construção.

Nosso PAC é o necessário Partido Anti-Capitalista, algo que estará muito longe da esquerda convencional que não ultrapassa os limites do social-patriotismo e de uma lista infinda de “reformas estruturais” tão necessárias ao crescimento do capitalismo e que deixaram de ser processadas no governo Lula para não arranhar, de nenhuma forma, o seu conteúdo populista, cujo eixo consistiu em premiar a grande burguesia com fartos lucros e a imensa massa dos desvalidos, dos excluídos ou simplesmente dos lumpens proletários, com as migalhas que sobravam de tão indecente banquete.

Para construção do nosso PAC faz-se necessário demolir todos os fundamentos dos discursos burgueses e dos discursos produzidos, implementados e consolidados pelo velho stalinismo. É evidente que a sociedade respaldada na desigualdade social fosse ela o escravismo, o feudalismo, o modo asiático de produção ou o capitalismo, teria que repousar num imenso império de mentiras. Esse império de mentiras necessário à desigualdade continuou sendo indispensável para manter o mundo capitalista sob a farsa da existência de dois mundos. Um deles, o mundo capitalista, decadente e exaurido e o outro, ascendente e progressista onde corria leite e mel.

Era necessário o conluio entre os interesses do imperialismo e a burocracia instalada nos “Estados Operários degenerados” para manter, a qualquer custo, o sistema capitalista e evitar a todo e qualquer preço o avanço da revolução mundial.

Desmantelar esse tão sólido império da mentira é a tarefa mais urgente, árdua e necessária que temos pela frente no nosso objetivo de construir, não só em escala cabralina mas em escala universal, o Partido Anti-Capitalista.

O velho Manifesto Comunista dos jovens alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, proclamou que a história era a história da luta de classes. A burocracia soviética teve que reformular esse princípio e em lugar dele lançar um dogma: “A história move-se pela contradição: nação opressora versus nação oprimida” e, dessa forma, foi banida a luta de classe, para dar lugar ao social-patriotismo que se faz presente nas hostes das esquerdas de matriz stalinista em suas várias feições.

O stalinismo, responsável pela manutenção de um capitalismo exaurido cuja incontida busca pelo lucro ocupa-se em destruir a vida na sua insensata caminhada, é o amparo necessário para que esse sistema mantenha-se de pé.

Esperança há que o nosso PAC, o nosso Partido Anti-Capitalista surja em tempo historicamente hábil para permitir que a humanidade não seja mergulhada irreversivelmente na tragédia total. O socialismo nunca foi uma fatalidade como diziam e dizem os discursos mentirosos da velha esquerda burocrática, por desinformação de muitos e má fé de alguns. O socialismo era e é, apenas uma possibilidade política que se imporá, ou não, como solução para a catástrofe. Mas, para se impor como solução é necessário que disponha de força política e social capaz de cumprir essa tarefa.

Vemos que os longos anos de permanência da cultura da desigualdade e, depois de noventa anos de stalinismo, temos pela frente uma assombrosa montanha de dogmas, preconceitos, mitos, crendices, mentiras, engodos e fantasias muito bem respaldadas pela ordem vigente e suas instituições que vão desde as religiões, às academias, aos grupos e partidos da esquerda convencional.

Diz a ignorância corrente na sua forma popular ou erudita que “a mentira tem pernas curtas”. Essa é a maior das mentiras, pois ela não só tem pernas longas e robustas, como tem caráter multimilenar e se apóia em alicerces bem fundados cujo objetivo nosso é dinamitá-los urgentemente para que, em seu lugar, possamos construir ou reconstruir os alicerces do anticapitalismo.


Gilvan Rocha é Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos - CAEP.

Indígenas são explorados em condições degradantes

Repórter Brasil*

2 de março de 2011 às 10:29h

Fiscalização flagrou 16 índios Terena na Fazenda Vargem Grande, que fica a 10 km na Aldeia Lalima, no município de Miranda (MS). Grupo estava há 15 dias no local e dormia em barracos precários de lona, cobertos com folha de bacuri

Por Bianca Pyl*

Um grupo de 16 índios foi encontrado em situação análoga à escravidão na Fazenda Vargem Grande, que pertence à Agropecuária Rio Miranda Ltda e fica em Miranda (MS). Os trabalhadores eram responsáveis pela limpeza de área destinada à formação de pastos para criação de gado bovino.

Os indígenas são da etnia Terena e vivem na Aldeia Lalima, em Miranda (MS), a 10 km da propriedade. A ação ocorreu em 25 de janeiro deste ano e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Federal (PF).

A equipe de fiscalização fazia uma operação de rotina para verificar as condições de trabalho em carvoarias, iniciada no último dia 24 de janeiro. Contudo, no meio do caminho que dava acesso a uma carvoaria que seria fiscalizada, os agentes públicos encontraram os 16 indígenas. As vítimas foram contratadas diretamente pela administradora da fazenda.

Os indígenas estavam há 15 dias no local e dormiam em barracos feitos de lona e cobertos com folha de bacuri (espécie de palha). Eles receberiam por produção e foram recrutados para trabalhar por 45 dias.

Não havia fornecimento de água potável às vítimas, que utilizavam água de um córrego para consumir e tomar banho. Não havia instalações sanitárias no local. Durante a execução dos serviços, os empregados não utilizavam nenhum equipamento de proteção individual (EPI). Os próprios trabalhadores preparavam as refeições em um fogão a lenha improvisado.

O local foi interditado. E, segundo Antonio Maria Parron, auditor fiscal do trabalho que coordena a fiscalização rural da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Mato Grosso do Sul (SRTE/MS), os próprios trabalhadores acabaram destruindo as barracas.

Tanto o auditor fiscal Antonio como o procurador do trabalho Rafael Salgado, que atua em Corumbá (MS) e também esteve na área, os trabalhadores manifestaram a intenção de seguir realizando o serviço. Diante disso, a opção, como explica Rafael, foi pela “empregabilidade”.

“Não é comum não realizar o resgate. Contudo, achamos que essa era a melhor solução para o caso, pois a aldeia fica muito próxima da fazenda e os indígenas poderiam voltar a trabalhar escondido no local”, complementa Antonio. Segundo ele, as Carteiras de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) dos 14 empregados que quiseram continuar trabalhando foram assinadas com data retroativa (início do trabalho) e a empresa contratante também providenciou um ônibus para transportar os empregados diariamente.

A sócia-administradora da fazenda, Ana Paula Nunes da Cunha, firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), no dia 31 de janeiro, na sede do MPT em Corumbá (MS), por meio do qual se compromete a pagar multa de R$ 5 mil por cláusula descumprida e por trabalhador prejudicado

Se a empresa cumprir as cláusulas quanto ao oferecimento de água potável, áreas de vivência adequadas e EPIs, poderá funcionar sem a construção de novos alojamentos – desde que ofereça, sem custo para os empregados, condução ao local de trabalho e de volta à aldeia.

Foram lavrados, ao todo, oito autos de infração em relação às irregularidades encontradas. Para checar in loco se as irregularidades foram sanadas, o MPT solicitou ao MTE que nova fiscalização ocorra em 30 dias.

O proprietário Rubens Nunes da Cunha disse à reportagem que essa foi a primeira vez que tiveram problemas porque, antes do episódio em questão, nunca deixaram os trabalhadores alojados no empreendimento rural.

“A fazenda é nossa desde 1939. Nunca tivemos problemas. Nossos trabalhadores permanentes são registrados. E, quando precisávamos de temporário, fazíamos um contrato simples. Já regularizamos a situação”, adiciona Rubens. “Vamos utilizar mais maquinário e menos recursos humanos”.

*Matéria publicada originalmente no Repórter Brasil