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segunda-feira, 7 de março de 2011

O trágico preço do “progresso”

Complexo siderúrgico instalado no Rio de Janeiro comete crimes ambientais e viola direitos de pescadores e moradores da região.

Por Tatiana Merlino

De repente, numa madrugada de junho de 2010, uma chuva de prata caiu sobre a casa de dona Ivonete Martins. Tudo brilhava, como num sonho. Porém, quando a família acordou para ir trabalhar, deparou-se com a realidade: um pó prateado havia se espalhado por toda a casa. Telhado, sala, banheiro, cozinha. Até nas panelas ele estava. O pó foi parar no quarto de dona Ivonete, de 55 anos. Quando ia dormir, lá estava ele, brilhando. Dias depois, quando foi tomar banho, a mulher percebeu que até em seu corpo o pó estava grudado. Em seguida, começaram as coceiras. Parecia picada de mosquito. A cada dia, a coceira só aumentava, e foi se estendendo ao corpo todo. Depois de um tempo, até a palma das mãos e sola dos pés estavam tomados por alergias, que se transformaram em cascas. “Eu estava toda inchada”. Para combater a coceira, ela tentou de tudo. “Querosene, álcool, vinagre”. O desespero era tanto que ela pensou até em se matar. Para completar, dona Ivonete foi demitida do emprego, pois a senhora para quem trabalhava c mo empregada doméstica teve medo de ser contaminada com suas alergias. Em casa, disse ao marido: “Arrume outra mulher. Essa aqui não presta mais”.

A chuva de prata não banhou apenas a casa e o corpo de dona Ivonete. Seus vizinhos, moradoresdo bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, também foram atingidos com o pó metálico emitido pelo complexo siderúrgico ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). De capital majoritariamente alemão, ligada ao grupo transnacional Tyssen Krupp (73,13%), com participação da Vale do Rio Doce (26,87%), a CSA foi anunciada como a siderúrgica mais moderna do mundo - recebeu investimentos de 5,2 bilhões de euros e vai produzir cinco milhões de toneladas por ano de placas de aço, exportadas para a Alemanha e Estados Unidos. É o maior investimento privado realizado no Brasil nos últimos 15 anos. Projetada para operar com dois imensos altos-fornos, além de uma termoelétrica e um terminal marítimo próprios, para se transformar na maior siderúrgica da América Latina, produzindo chapas de aço para exportação. Inaugurada em junho do ano passado, já foram anunciados planos de expansão das instala ões, com o objetivo de dobrar a planta e a produção originalmente prevista.

Crimes ambientais

Não por acaso, a região de Santa Cruz, local escolhido para a instalação da empresa é uma bairro periférico e pobre da cidade do Rio de Janeiro, situado na Baía de Sepetiba. Desde o início da construção da planta industrial, organizações e movimentos vem denunciando crimes ambientais, violações de direitos humanos, desrespeito às normas de licenciamento ambiental e à legislação trabalhista. “É justamente nessas áreas mais empobrecidas, onde há população sem poder político e econômico, que o poder público não chega, que esses empreendimentos se instalam”, explica Karina Kato, do Instituto de Políticas Alternativas do Cone Sul (Pacs), que desde a chegada da CSA apóia a luta da comunidade da Baía de Sepetiba contra o empreendimento. Segundo ela, “a área funciona como uma “zona de sacrifício” para manter o modelo de desenvolvimento do Rio de Janeiro, o tão propagado progresso, uma nova onda de dinamismo para o Estado, como diz o Sergio Cabral. É interessante e extremamente triste porque essa é a visão de Estado o Rio de Janeiro e eu arrisco dizer que é a visão de Estado para o Estado Federal”, critica.



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